segunda-feira, 25 de maio de 2015

Correr em oval é fácil?

MEUZOVO!


Essa semana você vai contar (ou não, pois ninguém liga) que viu as 500 Milhas de Indianápolis ontem. As respostas? "Ah, aquele negócio tipo Fórmula 1, só que só vira pra um lado." Ou mesmo no final de semana, no churrasco no sítio da avó ou da tia, vai ter aquele tio especialista em automobilismo porque acompanhava a Fórmula 1 na época do Senna, mas a categoria morreu pra ele depois de 1994, e ele vai dizer "Mas na 'Fórmula Indy' é tudo mais fácil, qualquer pilotinho que sai de um F1 é campeão lá" (titios meus, se algum de vocês estiver lendo isso, não é o caso de nenhum de vocês, mas só um exemplo mesmo, rs), entre outras bobagens.

Olha, pra início de conversa, o risco no oval já é muito maior. O cara tem que ser insanamente corajoso - e consciente do que faz - para aceitar correr ali. Se em um toque o carro da uma levantadinha só... I believe I can fly! E aí, vai saber como o voo, as piruetas e pancadas vão acabar. Lembrando que isso é a mais de 350 km/h.

Beleza, mas e a performance em si, é fácil de extrair? Claro que não. Por incrível que pareça, dois circuitos ovais podem ser bem parecidos (nunca iguais, mas quase), que vão exigir configurações e habilidades diferentes. Isso porque o asfalto vai ser diferente, a inclinação da pista e até mesmo as condições climáticas da região. Existem correntes de vento que beneficiam os pilotos, mas em uma mesma prova isso pode mudar, causando dificuldades de pilotagem ou até deixando a corrida mais perigosa. Ontem mesmo na Indy 500, nas últimas 40 voltas, os pilotos colocaram mais asa dianteira por causa disso. Ou mesmo ignorando tudo isso, achar o traçado ideal pode ser uma questão milimétrica, e deve-se ter muito cuidado, tanto com os muros nas saídas das curvas, quanto com os adversários ao seu redor.

Há ainda uma "guerra" entre os próprios pilotos, "brincando" com o ar. Isso também em circuitos mistos de outras categorias, mas nos ovais é ainda mais intenso. Sejam rivais provocando a perda de estabilidade, um contra o outro, como fez Scott Dixon com Juan Pablo Montoya ontem, ou companheiros de equipe revezando a liderança, um dando vácuo ao outro para tentar se distanciar dos rivais, como em certo momento fizeram Dixon e Tony Kanaan.

É engraçado o que acontece na primeira vez na vida em que um piloto acelera forte em um speedway/superspeedway. Quando ele está prestes a descer do carro, os mecânicos, o chefe de equipe, estão todos afastados, observando com aquele sorrisinho malicioso estampado na cara, esperando o resultado que eles já sabem que vai acontecer, pois já o viram outras várias vezes. Ao botar os pés para fora, talvez antes mesmo de conseguir dar o primeiro passo, ele vai levar um tombo na direção em que passou aquelas últimas voltas correndo.

Até aqui, falei pensando mais em IndyCar. Nos Estados Unidos existe também a NASCAR, e esta não deve ser comparada com nenhuma outra stock car. É a categoria mais peculiar que eu conheço. O estilo de pilotagem é diferente e o próprio carro não pode ser comparado aos outros stock. Na NASCAR, os pilotos andam na forma de "trenzinho", todos juntinhos, quase se tocando, naquele bolsão de vácuo (e se um fica para trás e perde o bonde, pode dizer adeus aos bons resultados), ordenados. Eventualmente fazem as ultrapassagens, um aqui e outro ali, e quando muitos o fazem ao mesmo tempo, pode resultar em um Big One, que são aquelas batidas espetaculares envolvendo vários carros. E diga-se de passagem que a cápsula/célula de sobrevivência daqueles stock cars são exemplares. Esses carros, que eu prefiro chamar de barcas, pesam quase 1,5 tonelada, tem potência e torque absurdos e no caso de sair rodando em alta velocidade, tem uns... digamos, freios aerodinâmicos, que funcionam como flaps de avião.

Como também não sou especialista e nem engenheiro, fui bem superficial neste texto. A realidade é ainda mais complicada. Agora, pilotaço que faz pouco caso dos ovais, supere "só" o que eu falei e vai lá ser campeão!


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Um abraço!
Paulo Vitor

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